QUAL A MISSÃO DA IGREJA NO MUNDO ATUAL
Em primeiro lugar no meu ver, a Igreja deve manter-se fiel à suas origens e a sua missão na história. Portanto, ler e discernir os sinais dos tempos, ser capaz de dar respostas novas aos sempre novos desafios. Para isso é indispensável uma segunda recepção do Concílio Vaticano II.
Segundo, a Igreja nasce da comunhão e conduz para a comunhão e a comunhão é uma realidade indivisível: ou se tem ou não se tem. Em um mundo marcado pelo individualismo exacerbado, pela cultura do eu, pelo medo, pelo relativismo ético. Em um mundo em que o mercado se impôs como medida, a Igreja é desafiada a redescobrir o seu DNA e dar desde seu específico: a Boa Notícia, o Evangelho de Jesus Cristo, o espírito celebrativo e comunitário, anunciar o Reino inaugurado por Jesus Cristo.
Terceiro, proclamar a dignidade do ser humano. A humanidade não está à venda, tudo tem preço porque tem seu equivalente, o ser humano é único, não tem o equivalente, portanto, não tem preço, tem dignidade e esta nasce do fato de Ser humano. O Social Real: leis, normas, organizações, instituições, não podem submeter o ser humano a seu serviço, quando fazem isso, proclamam a dignidade com palavras e a esmaga com a prática. A Igreja precisa estar atenta a este mal que corrompe a dignidade, destrói a comunhão, neutraliza o Evangelho e assassina a profecia. O tão proclamado peso das estruturas não seria uma forma de submeter às pessoas a seu serviço?
Quarto, o desafio da conversão pastoral. Falamos muito e nos mantemos em uma pastoral da conservação e da manutenção. É missão da Igreja e, particularmente da teologia reinventar a pastoral. Ainda não percebo a “rebeldia pastoral” o sair do estabelecido, do definido, ainda não percebo sinais de uma resposta diferente daquela que já irão dar. A resposta da intervenção pastoral já está definida, então fazer ou não pastoral, não faz diferença e se não faz diferença é desnecessária.
Por fim, a Igreja precisa encontrar o jeito de ser o que ela é em sua essência: humilde, mãe, pastora, samaritana, mística, querigmática, esperançosa, libertadora, missionária, instrumento do Reino, corpo de Cristo, Povo de Deus, sacramento universal de salvação, capaz de aquecer o coração humano, condição para a comunhão, razão pela qual uma experiência real com o Ressuscitado, condição para a comunhão, razão pela qual nasceu.
A “cultura do encontro”, a capacidade e a grandeza de diálogo, o pluralismo, o respeito às diferenças, a inclusão, a opção radical pelos pobres, a descentralização do poder, o protagonismo dos leigos, a questão de gênero, o despojar-se da força própria e assumir sua noção de Lua, entre tantos outros, são, a meu ver, elementos indispensáveis para a sobrevivência da Igreja na aurora deste III milênio.
Pe.Claudio Prescendo – Coordenador de Pastoral da Diocese de Vacaria